A segunda-feira começou com grande expectativa para os brasileiros. Depois da conquista de Kaká em 2007, um brasileiro voltava a ser favorito ao prêmio Bola de Ouro, concedido pela revista francesa France Football ao melhor jogador do mundo na temporada 2023/2024. Mas o resultado surpreendeu a todos.
Logo no início da tarde, vazou uma lista em que o espanhol Rodri, campeão inglês pelo Manchester City e da Eurocopa pela seleção espanhola, aparecia em primeiro lugar, à frente do brasileiro. Ao saber disso, Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, proibiu que qualquer representante do clube fosse à cerimônia no Théâtre du Châtelet, em Paris. O clube declarou que o prêmio “não respeita o Real Madrid” e que, a partir daquele momento, “não existe mais para o clube”.
Desde o ano passado, o Ballon d’Or conta com a parceria da UEFA, que vive um conflito com o presidente do Real Madrid por conta da tentativa de criação de uma Superliga em 2021, ameaçando a hegemonia da Liga dos Campeões. A nova competição não saiu do papel, mas a rivalidade entre os clubes envolvidos e a UEFA se intensificou, o que gerou rumores de que essa disputa, somada à derrota do brasileiro, motivou a ausência do Real Madrid na cerimônia.
Além das questões políticas, outras revistas divulgaram listas diferentes, nas quais Vinícius aparecia em primeiro lugar, reacendendo a esperança dos que torciam pelo brasileiro. No entanto, a vitória de Rodri acabou se confirmando. A premiação é dividida em duas etapas: primeiro, é feita uma lista de trinta nomes, baseada no desempenho e nas conquistas da temporada; depois, os melhores são escolhidos por votos de jornalistas de cada um dos 100 primeiros países no ranking da FIFA.
Como a maioria dos jornalistas votantes são europeus, surgiu a hipótese de boicote a Vinícius Júnior. O atleta, defensor ativo do combate ao racismo, tem denunciado os abusos sofridos na Europa, incluindo ofensas racistas feitas por jornalistas espanhóis em 2022, o que incomodou algumas pessoas e pode ter influenciado na votação.
A ausência de Vinícius Júnior no topo do pódio faz o brasileiro sair ainda maior. Campeão espanhol e da Liga dos Campeões, ele expôs o preconceito que ainda persiste na Europa, chamando atenção para a luta contra o racismo. Para quem acompanhou a temporada europeia, não restam dúvidas de que foi o melhor jogador e o mais decisivo.
Por fim, vale dizer que Rodri não é responsável por essa polêmica. Ele é um jogador excepcional que contribuiu para as conquistas de seu clube e seleção. Embora não tenha sido o protagonista das campanhas, sua vitória valoriza a posição de volante, tão essencial para o equilíbrio de qualquer equipe.